foi um longo processo, esse do distanciamento, da pausa na vida como um todo, como música que trava na vitrola, e então esse vazio que nos preencheu, nos cercou de eco morto, gente morta, pouco ou quase nada de trabalho, demissões e papéis vazios, solidão. me senti muito sozinha longe das palavras. o trânsito que … Continue reading o dia em que a rua virou dançante e todo mundo voltou a se falar
o eco dos mortos é diferente
é um domingo ensolarado, caminho pelo parque à procura de algo que não sei bem o que, paz, alívio, sossego, inspiração, pássaro, fonte, pique-nique, mas só o que se apresenta são vazios e poucos passantes, um silêncio lapidal que mais configura o parque como um cemitério. há uma grande chance de que talvez esse parque … Continue reading o eco dos mortos é diferente
guia mindfullness para o fim do mundo
Os dias passam lentos mas não é problema: tenho me acostumado às rotinas slow, pensando o dia-a-dia, o menú do almoço e do jantar, as olhadas para fora da janela e a busca pela fresta de sol que entra pontualmente ao meio dia pela janela lateral da cozinha. Eram 21h da noite quando fui olhar meus … Continue reading guia mindfullness para o fim do mundo
o dia em que a demanda por palimpsestos aumentou drásticamente
Recuperei, em um almoço de família, uma carta que enviei à minha mãe no meio da quarentena que aconteceu no ano de 2020. Seguem os pensamentos da época: Mãe, são quase uma da manhã, é sexta, penso que tudo bem não trabalhar amanhã, posso me dar um dia de folga. O que você acha dessa … Continue reading o dia em que a demanda por palimpsestos aumentou drásticamente
sobre a relação causal dos dias
tem dias que a gente se sente imbecil. imbecil é uma palavra forte que em português usamos de maneira branda, que nem idiota. meu pai prefere ser chamado de qualquer outro nome do que qualquer um desses. "idiota é muito forte", ou ainda "já parou para pensar sobre o que é ser idiota?". mas me … Continue reading sobre a relação causal dos dias
Saudades que João ensinou a ter
Meu compartilhamento de histórias será breve, pois me situo baixo cinco camadas de cobertores, os olhos caídos em cansaço enquanto o corpo elétrico chora por um carinho ausente de calor e presença. A semana iniciou cheia de saudades daquele que dizia chega!; acredito que os tantos manifestos vieram a lamentar a perda daquele que logrou … Continue reading Saudades que João ensinou a ter
nem me apresento mais
C.P., quando não sabe o que fazer, ama. Esse foi o fim de uma dedicatória muito linda que recebi neste mesmo dia chuvoso em que aqui escrevo, em um livro cujas palavras são tão lindas quanto, mas também onde nada se assemelha à essa frase que tanto me caiu bem. Nem me apresento mais, pois … Continue reading nem me apresento mais
terra natal e meus olhos cor de criança
O trânsito do ônibus me deixa quase enjoada. São mais de 10 horas presa nesse veículo ambulante que não tem pernas e só motor máquina movida a gás, ou seja, sem alma ou esforço qualquer. Deslocar-se sem perda, força ou suor. Soa estranho. Coisa de privilegiado; e eu, indo ao reencontro dos maiores dos privilégios: … Continue reading terra natal e meus olhos cor de criança
pensamento pequeno mas singelo na cama
"Te amo pela verdade gritante de teus olhos." Meu cartão brega de aniversário terminou assim. As letras cursivas borradas no ponto final, o descanso do leitor ao fechar os olhos cansados. Me pego reescrevendo essa mesma mensagem de carinho tantas e tantas vezes, como se minha própria expressão estivesse atada à uma tal condição de … Continue reading pensamento pequeno mas singelo na cama
a inconstante possibilidade do ser (e os tantos desejos que me deixam tonta)
O que nos faz temer a morte? A ideia da finitude de um corpo, narrativa ou trajetória traçada agora enterrada meia a escombros ou dissipada em pó, sem carinho, sentido ou perspectiva para um além que não aquele físico? Ou talvez simplesmente o fato de adquirirmos a consciência do entrave das possibilidades de intensidade e … Continue reading a inconstante possibilidade do ser (e os tantos desejos que me deixam tonta)